O presidente Jair Bolsonaro ofereceu para a bancada evangélica nesta quinta-feira (11) a estrutura jurídica do Poder Executivo para que ela viabilize propostas por meio de decretos presidenciais. Em café da manhã, ele ressaltou que a frente parlamentar tem "ideias maravilhosas" que podem ser agilizadas para trazer "a população para o nosso lado".
— Os senhores têm ideias maravilhosas que via decreto pode resolver. Projeto de lei ou inclusão por ocasião de um relatório em uma medida provisória ou projeto de lei. Essas pequenas medidas têm um alcance enorme no Brasil e trazem a população para o nosso lado— disse.
Não é a primeira vez que o presidente oferece uma espécie de atalho jurídico para o Poder Legislativo, uma vez que decretos presidenciais entram em vigor assim que publicados. Segundo relatos feitos à reportagem, Bolsonaro tem feito a sugestão em conversas reservadas com deputados e senadores.
No encontro desta quinta-feira, Bolsonaro citou exemplos de iniciativas sugeridas pelo governo que, segundo ele, tiveram repercussão na sociedade, como o projeto de lei com alterações no Código de Trânsito Brasileiro. A proposta visa ao aumento do limite máximo de pontos na carteira de motorista.
Ele também voltou a afirmar que indicará um nome evangélico para o Supremo Tribunal Federal (STF) e agradeceu o empenho da bancada religiosa para a aprovação da reforma previdenciária, citando a participação do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Na tentativa de formar uma base aliada informal, Bolsonaro tem promovido desde maio encontros com bancadas temáticas. Ele já se reuniu, por exemplo, com as frentes parlamentares feminina, nordestina e ruralista. A ideia é que mais encontros sejam realizados no Palácio do Planalto.
O café da manhã foi o segundo aceno feito pelo presidente nesta semana à bancada evangélica, que desde a campanha eleitoral aderiu à candidatura do capitão reformado. Na quarta-feira (10), ele compareceu a um culto religioso, na Câmara dos Deputados, e a uma sessão solene em homenagem à Igreja Universal do Reino de Deus.
Na transição de governo, a bancada evangélica também influenciou na escolha da equipe ministerial. Ela vetou, por exemplo, a nomeação do diretor do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos, para o Ministério da Educação.