A política brasileira é fértil em lançar nomes ao Planalto que, na prática, não têm fôlego para sustentar uma campanha presidencial. O caso mais recente é o do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que tenta emplacar uma pré-candidatura à presidência da República para 2026. Contudo, tudo indica que essa tentativa não passa de um projeto natimorto, fadado ao fracasso antes mesmo de ganhar corpo.
Caiado tenta surfar numa onda conservadora que, na verdade, já tem dono: Jair Bolsonaro. E é justamente aí que mora o primeiro grande obstáculo. Em Goiás, onde Caiado tem algum prestígio político, o eleitorado é majoritariamente bolsonarista. Seu apoio no estado não é autêntico ou consolidado, mas sim reflexo do carisma e da força eleitoral de Bolsonaro entre os goianos. Portanto, imaginar que ele possa transferir esse capital regional para uma campanha nacional é no mínimo ingênuo, para não dizer oportunista.
Fora de Goiás, o cenário é ainda mais desolador para Caiado. Ele não possui redutos políticos relevantes no restante do país. Nenhum estado onde seja citado como liderança, nenhum grupo político nacional que o veja como figura viável para unir a direita. Enquanto nomes como Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e até mesmo Michelle Bolsonaro despontam como herdeiros naturais do bolsonarismo, Caiado aparece como um figurante tentando se promover no vácuo deixado pela inelegibilidade do ex-presidente.
A postura de Caiado é claramente oportunista. Ele tentou se aproximar de Lula quando a maré virou em 2022, mas percebeu rapidamente que não teria espaço entre os petistas. Agora, busca desesperadamente colar no eleitor conservador e ruralista, do qual já fez parte como representante da UDR (União Democrática Ruralista) nos anos 1980, quando defendia interesses do agronegócio com discursos inflamados e controversos. Seu passado inclui falas desastrosas, atitudes truculentas e alianças políticas questionáveis que o transformam num personagem de difícil digestão para o eleitorado mais moderado.
Além disso, sua imagem é marcada por contradições. Posiciona-se como homem de princípios, mas já os moldou conforme a conveniência do momento. O Caiado que em 2018 se vendia como o bastião da moralidade e do combate à corrupção, hoje silencia frente a escândalos envolvendo aliados. O Caiado que se dizia independente, agora tenta se pendurar em qualquer estrutura que lhe garanta alguma sobrevida política.
Em resumo, a candidatura de Ronaldo Caiado é uma tentativa vazia de projetar relevância nacional a partir de um palanque estadual. Sua falta de base fora de Goiás, seu passado marcado por oportunismo e seu esforço de colar numa direita que já tem seus próprios líderes, tornam sua pré-candidatura nada mais do que um balão de ensaio furado. Um projeto pessoal sem eco popular, sem apoio partidário robusto e sem viabilidade eleitoral.
Caiado pode até tentar, mas 2026 não será o ano de quem só tem pretensão e carece de representatividade real. Sua pré-candidatura nasce sem alma, sem musculatura e sem futuro — uma típica candidatura natimorta.
FONTE: ENDIREITA BAHIA NEWS